sexta-feira, 2 de março de 2012

Dos Pré-socráticos aos Sofistas

Os pré-socráticos, no qual podemos denominar de um conjunto dos primeiros pensadores da filosofia grega, se caracteriza por encontrar pela via racional, um dos problemas mais contundentes e enigmáticos da vida, que é o da origem e essência do mundo e de tudo que existe. Os primeiros filósofos se perguntavam sobre uma realidade fundamental do universo, ou seja, uma realidade originaria, dando origem a tudo que existe e também subsistência a todas elas e cabendo ser o Omega (fim) de tudo, assim se questionando sobre a phisis, a arché, observou tudo a sua volta e chegaram a uma resposta, no entanto cada um, através da observação e provavelmente do ambiente ao qual estavam inseridos chegaram com respostas sobre o sustentáculo de tudo, pôr cada uma de modo particular, a começar pelos milesianos, tales o primeiro filosofo nos irá propor que tudo prove da água, seu discípulo Anaximandro irá refutar seu mestre dizendo que a água já é derivada e que a arché é o aperion o ilimitado e que a transformação de tudo começa pela injustiça e termina pela justiça no qual irá compensar toda a injustiça ocorrida durante o tempo de existência. Anaxímenes nos propõem uma nova idéia em relação à phisis, sendo a arché o ar, assim colocado como algo definido e ao mesmo tempo ilimitado conciliando a tentativa dos dois primeiros pensadores e de forma mais lógica que seu mestre nos propõe a causa de todas as coisas pela rarefação e pela condensação, sendo que pela rarefação se originara o fogo e a condensação a água, a terra e assim sucessivamente toda a matéria sólida. Empédocles outro pré-socrático irá fazer uma síntese das idéias acima, posto que as coisas não derivem apenas de um, mas de quatro elementos que eram a água, ar, terra e fogo. Pitágoras colocará a origem de tudo, não provindo de um principio material e sim do numero, sendo que este fundamento não se toca, mas intuído pela nossa inteligência, posto o filosofo a observar através da musica que os sons diferentes das cordas de um instrumento de corda se devem aos seus cumprimentos e a suas grossuras, assim tendo uma harmonia e no que se pode pensar o porquê essa tese pitagorica revolucionou o modo de pensar, pois se os números governam a musica, logicamente ela estaria por trás de todas as coisas, assim promovendo uma ordem (cosmos), desse modo ele foi o primeiro pensador a colocar as coisas materiais na dependência de algo imaterial.
Heráclito, da mesma escola dos jônios, irá propor que tudo é um constante devir, e para ele a arché é o fogo, pois este se encontra em constante transformação, e sendo assim também as demais coisas, sendo que a única coisa que não muda é que tudo muda, e a única coisa que é ilusão é o imóvel, Parmênides nos irá propor o contrario de que a única ilusão é o movimento, ele de certa forma irá revolucionar o modo de pensar, pois os demais pré-socráticos (assim dentro desta breve reflexão) haviam pesquisado a respeito do cosmos e de seu principio originário, agora o foco deste filosofo esta no caminho para se chegar ao saber, e através deste ele nos ira propor que só existe o ser, sendo este idêntico a si mesmo, imóvel, atemporal. Heráclito e Parmênides são discutidos na corrente filosófica até hoje, pois nos deixa um legado muito rico. O que também se pode ressaltar é que o mundo visível serviu como ponto de partida para as primeiras indagações filosóficas, posto a importância do conhecimento. No entanto no século V a política exigirá que a democracia (época de ouro deste sistema) então vigente na polis, faca com que os polites tenham a arte de convencer os cidadãos, pois a persuasão faria toda a diferença. Os sofistas entram em cena, mudando o foco da filosofia, da natureza para antropologia, sendo que a busca do conhecimento da verdade não é mais a meta, passando a ser a retórica, o convencimento, a arte da linguagem o predomínio dos sofistas, pois para eles não existia uma verdade absoluta, dando importância ao mundo sensível, tratarão de ensinar os cidadãos em troca de dinheiro, pois a retórica tinha o poder de dar gloria, fama, aplausos e nisto se funda todo trabalho sofista, e estes receberão muitas criticas dos filósofos contemporâneos como Sócrates, definindo a retórica sofista como uma ação sem rigor, assim diz Fernanda Cury (Sócrates, 2006, pg. 39):


“Para substituir a justiça, a ciência filosófica que conhece a própria idéia de bem (...) usam a retórica (...), mas não conhecem o objeto em si e por si mesmos, não os conhecem de maneira essencial, não são capazes de relacionar cada um dos seus fenômenos a uma causalidade e dar assim a razão, o logos do corpo e da alma”. (Coleção iluminados da humanidade)


Assim os sofistas, os primeiros professores romperam com a busca conhecimento absoluto, introduzindo na filosofia a questão do relativismo do saber. Para eles o conhecimento se constrói na perspectiva pessoal de cada individuo. Os principais sofistas de grande nome desta época são Protágoras e Gorgias, este nega todo tipo de verdade objetivo, sendo que a mente chega a resultados diferentes da realidade, o que também se vê é que esta época é propicia para os sofistas, mestres da retórica, o convencimento se torna fundamental para o rumo da polis. De certa forma estes oradores profissionais, faziam com que houvesse manipulação através do convencimento, corrompendo todo o sistema democrático, por isso Sócrates e Platão irão combater o sistema sofista, considerando estes como falsos sábios, em troca de dinheiro ensina a arte da linguagem, a peso de ouro, não tanto a virtude, mas sim, muito mais, a virtude da palavra, sem base racional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário